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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Sam Houston

22/5/2022 - Mairinque - SP

 

         Quando se tem uma realidade concreta, todos os fatores envolvidos nela sobem a uma complexidade superior aquela imaginada por todos os teóricos. E, a partir dela, as novas realidades surgem, bem como muitas outras deixam de acontecer. As grandes ideias são desenvolvidas e criadas em cima das relações e organizações sociais. Ela só pode ser entendida na medida em que também faz aquilo acontecer. Por isso também, muito eventos históricos e até mesmo figuras são frutos de contextos problemáticos ou mesmo agem de maneira problemática, ainda que ajudem a criar melhores realidades posteriormente.

         Na história dos EUA, um dos fatores mais delicados envolvendo seus processos históricos é a guerra de secessão, ou guerra civil, que marcou a história do país e fez um antes e depois. Um de seus motivos foi à questão da escravidão, defendida pelo sul e combatida pelo norte, além da discussão sobre o modelo confederado contra a federação, defendida respectivamente pelo sul e norte. O primeiro buscava até mesmo se fazer como país, caso a federação não lhes cedesse. A questão da escravidão foi amplamente combatida pelo norte, liderado por Abraham Lincoln, que, com muita justiça, tornou-se um dos que terminaram com a instituição nos Estados Unidos.

        Porém, há vários pontos curiosos nesta história, bem como questões pregressas do país sobre o tema.  Foi o primeiro do continente americano a declarar independência da metrópole, influenciando movimentos históricos posteriores também. Neste contexto, em 1776, a maioria dos signatários são senhores de escravos, não lhes dando liberdade. Durante a primeira parte do século XIX, a escravidão passa a ser gradativamente abolida no país, ao longo das décadas.

        O grande estopim para a guerra foi à questão da escravidão, que era defendida pelo sul e combatida pelo norte. A figura de Sam Houston, neste caso, é bastante interessante.  Tenha sido governador do estado do Tennessee, depois se envolvendo fortemente com a política texana. É, até hoje, a única pessoa a ter governado dois estados americanos. Estados sulistas, no caso. Participou de um processo que tentava tornar o Texas um país independe, após a separação do México. Governou neste período, e depois ajudou a anexar a área aos EUA. Aí ficou como governador, se tornando uma das figuras políticas mais marcantes do estado.

        Também teve relativa influência em outros lugares do país. A questão da escravidão passou por ele. Embora fosse senhor de escravos, como outras figuras importantes do país, defendia que não se espalhasse para outros lugares, fazendo com que fosse desaparecendo gradativamente. Faleceu em 1862, antes do início da guerra. Mas manteve posição de defesa da união e integridade nacional, bem como manteve boas relações com Lincoln, o que via como aliado, apesar de questões delicadas no escravismo, defendendo de maneira problemática seu fim. Dizia terem os estados de o norte terem abolido apenas por questões econômicas, não sendo mais interessante a eles. Mas não queria que fosse pra outros lugares da expansão do país. Não aboliu, em seu governo, a escravidão do Texas. A maior cidade texana, Houston, tem o nome em sua homenagem.

       Apesar de ter bastante problema, não deixa de ser uma figura interessante. Pela forma como conduziu processos políticos no Texas e ter defendido políticas anti- escravidão antes de isso ficar uma unanimidade nacional. É difícil de ver por ter sido senhor de escravos, mas ainda assim as defendeu. Em momentos nos quais se tem contradições, muitas coisas vêm à tona. A ação mais certeira fica distante, dificultando seu processo. Houston foi assim neste momento, e pôs algumas coisas. A concretude da realidade faz muitas contradições se aprofundarem. Se Lincoln foi o mais admirável pela maneira como enfrentou, Houston fez algumas coisas até interessantes nos contextos que atuou. Até hoje permanece como uma figura importante ao Texas, com problemas e qualidades.

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